O mérito da imerecida Cruz

É tão estranho substituir a mensagem da cruz, do evangelho, pelo discurso do mérito e do esforço. O merecer ter no lugar do ser.

Pregar sobre Cristo ocultando como ele viveu, além de ser hipocrisia, é injusto com os ouvintes do caminho e da verdade.

Como foi que Cristo mereceu a cruz? Para quem deve ser o mérito?

Ele se esforçou e não se compactuou com o mundo que enfrentou, principalmente o religioso. Nas determinações para a maldade, existem também escolhas e alternativas ao merecimento injusto. Cristo enfrentou qualquer determinação do poder para a mal existente e combateu a lei de quem era também pecador, mas, queriam assim mesmo realizar apedrejamentos.

E quem não teve nenhuma chance de ter merecido? Na sociedade em que vivemos, os favorecidos ao sucesso do mérito estão entre os mínimos. Quem vai decidir o mérito, o esforço?

Algum ser humano, devido à sua cor, merecia a escravidão? Como foi feito essa eleição? E as crianças que nasceu no centro da periferia em algum lugar desprovido de recursos básicos, o que ela mereceu por estar ali? O que mereceu os índios, povos originários do Brasil, para serem violentamente dizimados? Foi azar? E quais as chances foram dadas para merecer tal situação? Ou foram dadas outras escolhas? O mundo é desigual.

Todo esforço merece ser reconhecido, valorizado, principalmente contra si e pelo amor. Pena que nem todos foram favorecidos a se esforçar da mesma forma, porque os desafios são bem diferentes para muitos. Para sobreviver, milhões de pessoas tem de se esforçar ao extremo.

Segundo o que sabemos sobre o amor de Cristo, é que ninguém merecia, essa é a verdadeira mensagem da cruz (1 João 4.19). Não a mérito para receber salvação em Cristo (Efésios 2.7-10), ela é dada incondicionalmente.

Na cura do cego de nascença (João 9), Cristo não ficou questionando se ele merecia aquela situação, mas os religiosos sim – “Rabi (Mestre), quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego? ”. Os crentes pensavam que talvez seria devido a algum pecado da família, mas para Cristo, ele era o merecedor do seu amor.

Os mensageiros e as religiões que falam de Cristo precisam adequar seu ensino ao que Ele fez. Os religiosos precisam se esforçar para amar como Ele amou, se não, o que se diz e o que se faz por contrário é mentira. Os necessitados merecem misericórdia (Mateus 5), estão em condições para receber o amor cristão como Cristo Amou.

Esse é um esforço contra si, o mérito contra a natureza injusta desse mundo.

Joaquim Tiago

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